Fábrica vai produzir mosquito de combate à dengue em larga escala

Segunda-feira, 9 de julho de 2012

Instalado em Juazeiro – BA, criadouro tem capacidade de produção de quatro milhões de machos do Aedes aegypti estéreis por semana

Fábrica vai produzir mosquito de combate à dengue em larga escala
A fábrica com a maior capacidade de produção do mosquito transgênico de combate à dengue do Brasil foi inaugurada em 07 de julho de 2012. Por semana, o criadouro poderá produzir até quatro milhões de machos do Aedes aegypti estéreis.

Com 720m² de área, a unidade funcionará em Juazeiro – BA, na sede da empresa pública Moscamed, que é especializada na produção de insetos transgênicos para controle biológico de pragas. Os trabalhos serão supervisionados pelo Ministério da Saúde.

Iniciativa inédita para o controle da doença, de acordo com informações do ministério, a fábrica brasileira também é a maior do mundo em capacidade de produção do mosquito geneticamente modificado.

Mosquitos transgênicos
Segundo os pesquisadores, os machos do Aedes aegypti estéreis, quando liberados no ambiente em quantidade duas vezes maior do que os insetos não-estéreis, vão atrair as fêmeas para cópula.

Por estes mosquitos serem modificados geneticamente, sua prole não será capaz de atingir a fase adulta, período em que pode transmitir a doença. Com isto, o governo brasileiro aposta na redução da população de Aedes no país, ao nível que seja possível o controle da dengue.



Liberação dos insetos
Os insetos transgênicos serão liberados inicialmente no município de Jacobina – BA, que tem 79 mil habitantes e apresentou 1.647 casos de dengue e dois óbitos pela doença somente no primeiro semestre de 2012. O governo do Estado da Bahia está investindo 1,7 milhões no projeto.

A experiência vai mostrar aos pesquisadores a redução da doença na população de uma cidade de médio porte, além de verificar a melhor maneira de adaptar o mosquito modificado ao ambiente, principalmente em relação ao transporte e logística.

Projeto piloto
Entre 2011 e início de 2012, um projeto piloto teve resultados positivos. Os trabalhos aconteceram nos bairros de Mandacaru e Itaberaba, em Juazeiro, ambos com cerca de três mil habitantes e um alto índice de proliferação do mosquito. Em seis meses, com a liberação dos insetos estéreis, houve redução de cerca de 90% da população do Aedes aegypti.

Expansão da estratégia
O governo brasileiro pretende expandir a estratégia para todo o país e dentro de alguns anos quer incorporar o projeto ao Sistema Único de Saúde (SUS), como um dos mecanismos para o combate à dengue.

Conforme informações do National Institute of Health, que é um órgão norte-americano equivalente ao Ministério da Saúde, os estudos para mensurar o impacto em termos de redução da dengue na população levam pelo menos cinco anos.

A pesquisa
A pesquisa com o inseto transgênico começou no país em 2010, com a adaptação do mosquito em laboratório da Universidade de São Paulo. O Projeto Aedes Transgênico (PAT) foi realizado em parceria com a empresa britânica Oxitec, desenvolvendo a primeira linhagem do Aedes modificado.

Dengue no Brasil
Em todo o Brasil, somente no primeiro semestre de 2012 já foram registrados 431.194 casos de dengue. O maior número é da região Sudeste, com 182.895, o equivalente a 42,4%. Em seguida está a região Nordeste, com 168.935 casos ou 39,2% do total.

A terceira região com maior número de casos foi a Centro-Oeste, que apresentou 43.228, significando 10% dos registrados no país, depois a região Norte, com 31.927 ou 7,4%, e por último a Sul, que teve 4.209 casos neste período, o que equivale a 1%.


Fontes: Ministério da Saúde e Revista Época
Redação: Fátima Pires

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